terça-feira, 16 de novembro de 2010

Renato Caldas

O poeta assuense Renato Caldas (08.10.1902-26.10.1991) é considerado o maior representante da poesia matuta norte-rio-grandense. Comparado a nomes como Catullo da Paixão Cearense e Zé da Luz, Caldas conseguia, de modo simples e espontâneo, abordar temas como o amor, a vida no meio rural, a simplicidade do homem do campo, a natureza e a beleza feminina. Recebeu a alcunha de “O poeta das melodias selvagens” por causa da rudeza e originalidade de seus versos. A obra mais conhecida do poeta chama-se Fulô do mato (1940).

Lagoa das moças

Vancê tá vendo êsse lago,
pequeno, desse tamanho?
Apois bem, é a lagoinha,
onde as moças tomam banho,
quaje tôda menhanzinha.

Eu num sei pruque razão
essa água cheira tanto?
Num sei mesmo pruque é...
Mas, descunfio e agaranto:
sê do suô das muié.

- Mas, se eu fôsse essa lagoa,
se ela eu pudesse sê!
Se quando as moças chegasse,
eu pudesse as moças vê...
Aí, os óios eu feixasse...

Quando n’água elas caísse
eu pegava, abria os óios.
Uns óios desse tamanho!!!
Só pra vê aqueles móios
de moça tomando banho.



Antonio Manuel Alves de Lima

Antônio Manuel Alves de Lima nasceu em 27 de julho de 1873 em Tietê. Assim como seu conterrâneo Cornelio Pires teve evocação metafísica. Foi pioneiro ao criar a fazenda de café em Tietê, onde desenvolveu o cultivo dos grãos; e também ao comercializar rubiáceo (grão do café), através da criação das casas de café no Brasil e na Argentina.
O falecimento de Julita, sua esposa, em 1945, fez com que Antônio Manoel escrevesse o livro, “Inspirações e Reflexões Sobre Este e Outro Mundo”. Além disso, transformou o desejo do casal em realidade - a chácara de Santo Amaro, em 6 de dezembro de 1952, passou a ser a sede da Fundação Julita.




Lola de Oliveira

Lola de Oliveira nasceu em porto Alegre, em 1889, escreveu város livros de poesias com títulos de pedras preciosas: Safiras, Ametistas e Esmeraldas. A sua obra que é considerada mais importante é Modernismo e Pasadismo.
 
 
CARTA
-  I -
Minha irmã de além-mar! Irmã querida
A quem desejo tanto conhecer!
Julgo estar breve o fim de minha vida
E não terei, de certo, esse prazer!...
Minha irmã de além-mar! Irmã distante
Que nunca estreitarei nestes meus braços.
As nossas almas, num fraterno instante,
Eu sinto que se enlaçam nos espaços.
Minha irmã de além-mar que revigora
O intercâmbio das letras femininas,
Guarda estas cartas que te mando, agora,
Entre as tuas lembranças pequeninas.
Guarda num gesto, carinhoso e amigo,
Estas cartas singelas que aí vão...
E dá no teu Arquivo o doce abrigo
Para os pedaços deste coração.
Guarda estes versos meus como lembrança
Desta amizade pura e fraternal
De quem viveu nutrindo uma esperança
De visitar o belo Portugal!...
                                                Do livro: "Cartas para Portugal" (pelas comemorações do V Centenário da morte do Infante D. Henrique), ed. autora, RJ, 1960