quarta-feira, 20 de outubro de 2010

bonfim sobrinho

nasceu em Fortaleza em 1875 e faleceu em belem em 1900

noivado funebre

negra tristeza meu semblante encova
o noiva amada, o lirio meu fanado
por que não vamos, na nudez da cova,
em cirios celebrar nosso noivado?

no sete palmos desse leito amado
ao frio bom de uma volupia nova
ha de embalar o nosso amor gelado
o coveiro a cantar maguada trova

e os nossos corpos, gelidos, inermes
em demorados e famintos beijos
serão depois roídos pelos vermes

extraído livro Poetas Esquecidos de Mario Linhares- é disso que eu estava falando


quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Iris Carvalho de Mendonça

Iris Carvalho de Mendonça, mineira de Belo Horizonte, poeta, contista, advogada e filosofa


Lindolf Bell

Lindolf Bell foi o responsável pelo Movimento de divulgação da poesia junto aos mais diversos públicos, utilizando-se dos meios de comunicação menos tradicionais. A Catequese Poética foi iniciada em 1964, projetando o poeta nacionalmente. Este movimento mobilizou outros artistas, desenvolvendo uma nova linguagem poética e ampliando a intervenção social de jovens escritores. A Catequese Poética é considerada um marco tanto na cultura popular brasileira como na literatura. A partir de Lindolf Bell a poesia assumiu sua função transformadora do tempo, do homem e da sociedade.

Deixarei por herança
não o poema
mas o corpo no poema
aberto aos quatro ventos

Pois todo poema
é verde e maduro,
em areia movediça
de angústia, solidão
Onde me debato
ainda que finja o contrário
em busca da verdade
e seu chão

Deixarei por herança
não o poema
Mas o corpo repartido
na viagem inconclusa

Pois todo o poema maduro
é um verde poema
E, mesmo acabado,
se estriba na inconclusão
Claro, sem esquecer,
o estratagema da paixão


mais em http://www.lindolfbell.com.br/

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Milton Rezende

 
Depois de muitos anos,
tentando ainda me livrar
das marcas do passado
fui ao cemitério retirar
os ossos do meu amigo.

Lembro-me de ter deixado
uma pedra em formato de
concha, sob a qual estavam
os seus objetos pessoais e
toda a minha lembrança.

Era meia-noite no relógio
da igreja e um velho sentado
cochilava com a sua carcaça
de quem estava prestes a partir
e abandonar de vez a praça.

Antes, porém, seria necessário
àquele velho feio e deformado
atravessar a ponte de concreto
armado e alcançar o outro lado,
onde não havia nada além do pátio.

Surpreendi o velho em sua travessia
quando eu vinha vindo em sentido
contrário e voltando dos bares que
estavam situados na margem oposta,
onde a vida era só queixa e desamparo.

O homem trazia em suas costas
uma caixa de madeira envernizada
e cheia de alças de metal dourado,
semelhante aos caixões que eu via
expostos na porta da casa funerária.

E perguntei-lhe, já meio bêbado,
o que ele carregava nas costas
e se era pesado – disse-me então
e sem olhar para o meu lado,
que ia levando apenas o seu leito.

De súbito, ocorreu-me o fato
e a lembrança que me levara ali:
desenterrar os restos mortais
do meu amigo, depois de passados
alguns anos, conforme combinado.

Mas não sei se fui ao lugar errado:
o certo é que encontrei apenas,
na escuridão da casa dos mortos,
somente uma velha caixa de amianto
e pedaços de tubos galvanizados.

Uma escada que deságua no silêncio
“Ontem, à meia-noite, estando junto
a uma igreja, lembrei-me de ter visto
um velho que levava às costas isto:
um caixão de defunto”.
Alphonsus de Guimaraens (1870-1921).
.

Milton Rezende nasceu em Ervália (MG), na primavera de 1962. Escreve em prosa e poesia e a sua obra se divide entre inéditos e publicados. Entre estas últimas encontram-se O Acaso das Manhãs (1986), Areia (À Fragmentação da Pedra) (1989), De São Sebastião dos Aflitos a Ervália – Uma Introdução (2006) e Uma Escada que Deságua no Silêncio (2009). Possui inédito o livro A Magia e a Arte dos Cemitérios, para o qual procura editoras interessadas. Exemplares dos seus livros podem ser adquiridos diretamente com o autor através do e-mail: milton.rezende@yahoo.com.br

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Jose Oiticica

poeta, anarquista, avo do artista plastico Helio Oiticica (dos parangolês), escrevia sonetos, grande amigo de outra escritora anarquista; Maria Lacerda de Moura, nasceu 1882, morreu em 1957.

Para a anarquia vai a humanidade
Que da anarquia a humanidade vem!
Vide como esse ideal do acordo invade
As classes todas pelo mundo além!
Que importa que a fração dos ricos brade
Vendo que a antiga lei não se mantém?
Hão de ruir as muralhas da Cidade,
Que não há fortalezas contra o bem
Façam da ação dos subversivos crime,'
Persigam, matem, zombem... tudo em vão...
A ideia, perseguida, é mais sublime,
Pois nos rude ataques à opressão,
A cada herói que morra ou desanime
Dezenas de outros bravos surgirão.

Wilson Luques Costa

Paulistano da Vila Ré, professor de filosofia e poeta nas horas úteis, escreveu seu primeiro livro, Contos do Arrabalde, relatando as agruras e vivências dos subúrbios paulistanos. No livro, apesar de sua formação acadêmica, apresenta um pouco do dialeto periférico paulistano com o qual convive há anos e mistura com suas andanças em perdizes, principalmente na puc. Abaixo a foto do lançamento do meu livro (o céu aberto na terra - uma leitura dos cemiterios de são paulo na geografia urbana, originalmente dissertação de mestrado da geografia usp) no qual utilizei um conto do Wilson.


wilson também possui um blog com suas poesias, pensamentos é o simulacro do futuro

As primaveras já adentram os pórticos
De setembro com as mais lindas flores...
Mas no alto - sobre o velho prédio gótico -
Ali, onde as pombas vêem nossas dores -
Calada há uma mulher que os meus amores       
Desprezou. Hoje, ela não tem mais os típicos
Sentimentos de uma época inocente,
Nem amores de inverno ou raios eróticos
Reminiscentes dos belos momentos
Da vida, quando as suas dores também
Eram as minhas dores; muito além: 
Seus pensamentos; os meus pensamentos...
Seu lábio, seu semblante, seu cabelo...
Seu amor, seu sonho, sua pele e o seu apelo

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Haydee Nicolussi






poetisa capixaba, nascida em 1905, com obras publicadas na França e Espanha

Jean Aristeguieta


A poetisa Jean Aristeguieta nasceu en Guasiputi, no sul da Venezuela (1925). Viveu sua infãncia na Ciudad Bolívar , fixando  residencia em Caracas. A partir de 1949, dirigiu, com C. Lobell, la revista Lírica Hispana,
Foi membro da Uniao Brasileira de Trovadores (Río de Janeiro).
Sua obra poética, foi  iniciada quando apenas tinha 17 anos, produziu mais de trinta livros que foram traduzidos para o grego, francés, hebreo, inglés, italiano, russo, portugués, etc.
Nesse exemplar que temos vemos a dedicatória a uma poetisa brasileira, josefina almeida


MUJER EN EL ATLÁNTICO
Aparece un ático sonámbulo
sin protocolo alguno -¿para qué?-
un perfil femenino que escribiendo
pasa las horas en fidelidad
de conciencia amorosa concentrada
Tiene en las manos algo que parece
rayo y jazmín bolígrafo que traza
en escueta materia
lo que piensa
admiración ternura rebeldía
El Atlántico ha abierto para ella
una ventana con jardín de olas
mientras la frente activa se consume
en visiones afluentes del destino



Jose Guedes de Azevedo

JOSÉ GUEDES DE AZEVEDO .Filho de Urias Venâncio de Azevedo e Ana de Castro Guedes de Azevedo, ele nasceu na Fazenda Liberdade, de seu avô, em Altinópolis (SP), em 1 de agosto de 1897. Iniciou no magistério em 1916, depois fundou uma escola em Orlânida. Em 1935, mudou-se para São Paulo..Foi prefeito de Bauru no período de 4 de setembro de 1933 a 29 de agosto de 1934. Poeta e escritor, editou diversas obras: “Ensaio sobre Álvares de Azevedo”, “O Grande Emabixador, “Deus e a natureza”, “Japuranã”, “Rosário de Sonhos”, “Chuvas de ouro”. Em 1925, escreveu “Dr. Timóteo Ramalho”, livro em que estudo as pequenas tragédias da vida comum, através de passagens humorísticas.

domingo, 10 de outubro de 2010

Juo Bananere e Moacyr Piza

Texto que fiz para a apresentação da edição facsmile de calabar, que pode ser adquirido em http://www.necropolis.com.br/



Andando pela metrópole de São Paulo é comum depararmos com a leva de recentes imigrantes (bolivianos, nigerianos, romenos, angolanos, coreanos, chineses) que circulam pela cidade, apesar da presença maciça dos bolivianos e chineses nos imigrantes atuais o tipo mais retratado e mais representativo da metrópole ainda é o ítalo paulista.
Uma das causas da continuidade da representação do tipo ítalo paulista é o sucesso contínuo de Adoniran Barbosa, principalmente da música Trem das Onze que se tornou um hino da cidade de São Paulo, contudo as raízes de Adoniram Barbosa remontam a Juo Bananere (Alexandre Ribeiro Marcondes Machado).
As junções lingüísticas da língua portuguesa e dos povos imigrados não ocorreram apenas com o ítalo-paulista, o próprio grupo que acompanhava Adoniram Barbosa, Demônios da Garoa, gravou uma sátira usando o linguajar dos imigrantes judaicos do Bom Retiro na música Promessa de Jacob (Américo de Campos).
“ Jacó, "a" senhor me prometeu, Uma gravata, até hoje "inda" não deu,
Faz trinta anos, que "este" se passar, E até hoje, "o" gravata não "chegar". (porque ?)
Do outra "veis", "a" senhor "nom" deve prometer, Pois "da" contrario, senhor vai se arrepender ! Seus promessas, estar tudo "um" lindo fantasia, Mas na verdade, "a" senhor só dar Bom Dia ! Bom Dia, Jacó ”.
            Nessa letra percebemos a sonoridade da oralidade dos imigrantes expressas e registradas por um brasileiro (Américo de Campos) que notou a dificuldade da pronúncia dos imigrantes que falavam ídiche, hebraico e passaram também a falar o português. A dificuldade foi manifesta na música principalmente nos artigos, nos quais a troca do gênero é comum (a senhor, ao invés de o senhor).
            Apesar desse registro na música, na literatura o personagem judaico-paulista não foi muito utilizado. Várias iniciativas de escrita para representar outros tipos de imigrantes aconteceram como o personagem  nipo-paulista Tebato Nakara que escrevia no Diário do Abaixo Piques (volume 8, 22 de julho de 1933, p. 8)  na coluna Taka Shumbo Shimbum. Uma das manchetes de Tebato era Intelevista Kum Buda Bazirerô – O Futuro Poritiko Naxioná du  Brazi.
            Nesse caso, vemos a dificuldade da pronúncia da letra r e l pelos japoneses e também uma paródia aos jornais japoneses, que geralmente tem seus nomes acompanhados pela palavra shimbum (que significa jornal), ao invés de São Paulo Shimbum a coluna chamava-se TaKa Shumbo Shimbum, dando a sonoridade onomatopeica de explosão.
            Outra tentativa foi de Horácio Campos autor carioca que escreveu o livro Caldo Berde com o pseudônimo de Furnandes Albaralhão, retratando o imigrante  português  e sua pronúncia como no título do livro onde há a troca do V pelo B (berde), mais tarde o comediante Zé Fidelix criou uma peça de teatro na mesma linha intitulada Vacalhau e Binho.
Horácio Campos foi uma espécie de equivalente de Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, enquanto um retratava o ítalo –paulista, o outro o luso-carioca. Um exemplo do texto de Horácio é a sátira de Olavo Bilac com o trecho de ubire as istrelas:
“Ora, dirais, ubire istrelas...Passo!
Num póde sêre! E eu bus diria: Aflito
Para ubi-las, acordo, olho pru espaço,
Tiro a cera d’ubido com um palito...”
A troca do v pelo b pode ser notada nas palavras ouvido (ubido), vos (bus), ouvir (ubire), além do escracho ao parnasianismo de Bilac.
Atualmente na literatura não vemos esse caldo linguístico dos novos imigrantes presente nos textos, apesar dos lanxi baulu e sucu lalanja dos chineses, do coracion dos bolivianos o tipo que permanece é ainda o ítalo paulista.
Comecei esse texto falando do elo Adoniram – Bananere (Rubinato – Machado) e para restabelecer a linhagem está faltando um outro autor para unir essas duas pontas: Osvaldo Molles.
Osvaldo, nascido em Santos, era o redator dos programas de rádio que João Rubinato (Adoniram Barbosa) participava e ele foi o principal responsável por Adoniram interpretar o ítalo-paulista, principalmente o personagem Charutinho do programa Histórias das Malocas, inclusive muitas músicas de Adoniram eram de composição de Molles.
Como escritor, também foi roteirista de cinema, Molles deixou uma obra (Piquenique Classe C), onde é possível ver a influência de Bananere:
“Quem quisé i no trem , paga só 80. De ônibo é 100...
Eu? Piquenique? In Santo? Qui é qui tem lá? Tem água? Água por água mi tomo eu um banho di bacia...
Da ôtra vêiz qui nóis vié vamo na Praia Grande, é muito mais milhó.”
O conto que dá  título ao livro mostra as aventuras de operários paulistas num piquenique em Santos e demonstra as duas pontas do ítalo paulista, um italiano em estado mais “bruto” (qui é qui), mais Bananere e outro mais assimilado (ôtra vêiz), mais Adoniram.
Não é necessário aqui salientar o papel fundamental que Alexandre Ribeiro Marcondes Machado teve no modernismo literário brasileiro, Monteiro Lobato chega a afirmar que ele seria o primeiro autor modernista do Brasil. A nossa proposta dessa reedição  é colocar a baila novamente esse livro publicado em 1917, para que pesquisadores, leitores tenham acesso a esse importante autor que direta ou indiretamente está presente no imaginário paulista.
Se Alexandre Ribeiro Marcondes Machado (Juo Bananere) é pouco conhecido, a sua obra La Divina Increnca foi reedita pela editora 34 e o jornal Diário Abaxo  Piques foi reeditada pela editora da Unesp, imagem Moacyr Piza (Antonio Paes) co- autor dessa obra que reeditamos agora (Calabar).
Moacyr Piza é mais conhecido pela tragédia que culminou no seu suicídio do que suas obras, que não foram reeditadas. O episódio foi o seguinte: Moacyr era apaixonado pela dama da noite Nenê Romano (Romilda Macchiaverni), que muitos consideravam a mulher mais bonita de São Paulo nos anos vinte, e inconformado com o fim do relacionamento Moacyr acabou assassinado em 1923 a sua amada.
O seu túmulo no Cemitério da Consolação contém uma escultura de autoria de Leopoldo Silva, que retrata uma mulher em forma de interrogação, isso porquê um de seus poemas indagavam sobre as dúvidas do seu amor.
Por que o bem de olvidá-la não consigo?
Eu que, do seu amor, ando olvidado?
            Nenê Romano mulher altiva, continua olhando Moacyr Piza de cima, já que ela está enterrada no Cemitério do Araçá (no alto) e ele na Consolação (no baixo).
            Além da presente obra, Moacyr Pisa publicou também Sátiras número um (1916), com o pseudônimo de Antonio Paes, Vespeira (1923), Roupa Suja Polêmica Alegre e Três Campanhas, consta no exemplar que temos de sátiras número um, os volumes dois e três de Sátiras como a entrar no prelo e também uma outra obra Os Medalhões com a seguinte precedência em elaboração, porém não tenho conhecimento se essas três obras foram realmente publicadas.
            Sobre os dois autores podemos destacar que além de escreverem em jornais, os dois cursaram curso superior, Machado Arquitetura na Escola Politécnica e Piza Direito no Largo São Francisco. Machado projetou um prédio no centro de São Paulo (Rua Benjamim Constant n 171) e em Araraquara e Piza virou delegado de polícia.
Com relação a presente obra ela foi publicada em 1917 e satiriza o apoio do senador Valois de Castro a Alemanha na Primeira Guerra Mundial e não fez tanto sucesso da La Divina Increnca que na edição de Calabar consta em 1917 estar na quarta edição, ainda consta outro livro da dupla no prelo com o nome de Os  Ingapotádo, do qual também não temos notícia se foi realmente publicado.
Ainda sobre a dupla (Machado Piza) Bananere e Paes, além do Os Ingapotado, Calabar, há indícios que o livro Sátiras número um também poderia ter sido feito a quatro mãos como diz nessa nota da última página: “Os sonetos – O Chinda, Cahir do Azul e Sobre um Conquistador não são da lavra do auctor deste livro. Foram compostos por um distincto engenheiro, funcionário público, de monóculo, possuidor de um bello talento e que, embora as occultas, cultiva a sátira com muito brilho. Aqui os incluo, pensando dar, assim, maior interesse a esse volume.”  
Voltando para o Calabar, na edição de O Pirralho de 20 de maio de 1917, página 12, é possível ver o seguinte anúncio:
Calabar di Juó Bananere i Antonio Paes    -  Estupendimo livro livrio di sglugliambaçó co padri chi abracció u allem – avenda in tuttas parti!  - 1$000 cada uno.

Para compreender melhor a obra e o contexto dos escritos de  Alexandre Ribeiro Marcondes Machado, sugerimos algumas obras:

BELLUZZO, A. M. M. Voltolino e as Raízes do Modernismo. São Paulo: Marco Zero, 1992.

CARELLI, M. Carcamanos e Comendadores: os Italianos de São Paulo: da realidade à ficção (1919-1930). São Paulo: Ática, 1985.

CARMO, M. M. Paulicéia scugliambada, Paulicéia desvairada: Juó Bananére e a imagem do italiano na literatura brasileira. Niterói: EDUFF, 1998.

FONSECA, C. O Abuso em Blague. São Paulo: Editora 34, 2001.

JANOVITCH, P. E. Preso por Trocadilho: imprensa irreverente paulistana 1900-1911. São Paulo: Alameda Editorial, 2006.

SALIBA, E.T. Raízes do Riso - A representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

SÃO PAULO DE JUÓ BANANERE  (Documentário 1998 – 30 minutos - Roteiro  João Cláudio de Sena, Paula Janovitch - Produção:  Paula Morgado)

Sinopse: A partir do olhar do poeta e jornalista Juó Bananére, o vídeo rediscute o caótico processo de formação da cidade de São Paulo nas primeiras décadas do século XX. Escrevendo em um dialeto, misto de italiano, português e linguajar caipira, Juó foi um crítico na mídia paulista.


Ilka maia

Poetisa paulistana, publicou seu primeiro livro de poesias (Alvoradas) aos dezesseis anos, em 1924, editado pela Typographia da parceria de Lisboa. O prefácio do livro foi feito pela pioneira do feminismo no Brasil: Maria Lacerda de Moura, a qual Ilka dedicou o seguinte soneto

As pedras
Quem diz que a pedra é muda, a beira de uma estrada,
é pedra morta e fria, é pedra indiferente?
Quem diz que ella não sente os beijos da alvorda?
Quem diz que a pedra é morta e que a pedra não sente?

Quem diz que a pedra é um bloco estupido de nada?
Quem diz isso, não pensa-- e quem diz isso mente!
A pedra, a pedra muda a beira de uma estrada,
é um mysterio do céu! Talvez um penitente!...

E é por isso que quando, as lágrimas das chuvas,
Rolam, cheias de dor, dos olhos das estrelas,
Choram as pedras, sós, como velhas viuvas..

E é por isso que quando, as vezes distrahido,
voltas, mudo, pastor ao passar junto dellas,
parece - te escutar, as vezes, um gemido....

sábado, 9 de outubro de 2010

poesia brasileira

o blog rarapoesia

visa divulgar a poesia brasileira que ficou perdida nas estantes
dos sebos, bibliotecas e até mesmo de bibliófilos que ajudam a manter
a história da poesia brasileira.
além da poesia nacional, também postaremos autores estrangeiros que ficaram esquecidos por aqui
fruto de antigos intercâmbios poéticos.